sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

segredo que me contaram

Hoje eu me deparei com a Força
Olhei pra ela bem de frente e era volumosa.
Sabe, força mesmo dá medo. Ela espumava por todas as direções um vigor descomunal.
Ela me dizia que eu era pouca e se múltiplicava a cada nova direção que eu alcançava com os olhos.
Ela me dizia algo mais, queria dizer.
Fiquei parada, olhando e pensando no sentido.
Em nenhum reino imaginado pela minha criatividade haveria tamanho poder
Em nenhum sonho seria possível aquela abundância toda.
Ela me falava de Deus. E de mim mesma.
Do quanto posso ser grande ainda que seja pequena.
De que posso ser muita, mesmo parecendo pouca.
Que raridade é o que a gente carrega e não como se envelopa.
Que toda entrega tem seu preço e é preciso conhecer quanto vale.
A Força me falou muito, sabe.
Naquelas águas derramei meu medo. Deixei ele escorrendo, mas não dá para garantir os 100%.
Também deixei ali um desejo.
Ali eu deixei muito, mas recebi imensamente mais.
Fizemos um pacto e estaremos juntas até o fim.
Uma falando para a outra de poder, de mansuetude e de força.
Descobrindo caminhos novos ou um jeito remoçado de viver as mesmas trilhas.
Hoje eu tive um encontro inesquecível.
Ele falava de mim, da descoberta.
O verde e ás águas me abriram passagem.
Aqui fora, nada mudou. Já lá dentro, seu moço...
Acho que ela queria me dizer como que é o amor.

sábado, 29 de outubro de 2011

Cuidado

Flores de fuxico. Artesanato mineiro
Sempre achei que a mulher moderna e independente não tem de ser dona de casa.
Continuo achando.
Mas, hoje respeito a escolha que a gente pode se dar o direito de fazer.
Cuidar da casa não é sinônimo de sofrimento.
A gente não sofre por varrer a cozinha, e sim por deixar embaixo do tapete desejos não realizados.
A gente não chora porque lavou uma pilha de louça suja, mas quando deixa empilhado um sonho ou uma raiva não conversada.
A dor não vem de fazer almoço e janta para a família, mas de não degustar suas próprias vitórias particulares.
Eu descobri que cuidar não é sinônimo de se fragilizar.
É preciso um poder danado para perceber a necessidade de alguém e lhe oferecer o que precisa na justa medida. É fazer porque quer e não porque deve.
Estou descobrindo o poder do cuidado.
E vou mandar pra She-Ha um avental bem florido e bordado no natal que se avizinha.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

coração de mulher, olhos de menina

A roda anda girando tanto que o tempo escorregou pra fora da roda
Aqui e acolá, vou girando a esmo
Percebendo e partilhando o que encontro nas topadas de aqui e de lá.
O mais louco é notar que as andanças de todos são mais ou menos as mesmas
Apontando os mesmos destinos, com algumas alterações de rota, mas enfim.
Nessa roda gigante eu me descobri mais rabugenta que antes, mais exigente comigo, mais flexível com os roteiros e mais compreensiva com os caminhos.
Não, nada fácil, mas tenho aprendido a aceitar o que temos no momento, ainda que tenha ganas de gritar bem alto que "eu discordo de tudo isso aê!".
Do que eu tô falando?
De tudo o que tem feito parte dos giros da minha vida, das voltas, dos atalhos e das jornadas longas. Da falta de tempo de descanso ou da experiência de cavar tempo no fosso da correria toda.
Saldo dessa agitação é uma menina mais forte, mais cansada, mais mulher, mas com o mesmo olhar curioso de menina de sempre. Coração aprende, mas não se perde.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

vida no gerúndio

Descobri que gosto de espaços.
Onde caibam a dúvida, a surpresa, o feio e o bonito.
Mas há espaços que separam, como fronteiras.
Desses, descobri que nao gosto.
Me trazem angústia.
Espaços coloridos, por vezes caóticos ou barulhentos, onde cor e som tem a licença poética de sobra, são espaços onde a vida acontece.
Espaços onde se pode existir, acertando ou errando. Tanto faz.
Mas há espaços que são de um silencio macilento, quase como não-vida.

Onde tudo ou é preto ou é branco, ou é dia ou é noite. Um ou imperativo que aniquila a novidade, os mistérios em cada esquina.
Estranho desconforto, como se sempre fosse prenuncio de chuva e ela não fosse acontecer.
Não sirvo em absoluto para esse lugares. Minha alma pede as infinitas surpresas escondidas que aqui soam impensáveis.
E quero a vida vivendo, no gerúndio mesmo, com todos os percalços e desafios grmaticais ou não que isso pode significar.
Esse negócio de futuro do pretérito, não serve para uma ariana, assim aperreada, feito eu.

domingo, 24 de julho de 2011

Comum extraordinário

Hoje o dia amanheceu com sorriso.
Claro, vívido.
Hoje é dia especial travestido de comum.
Algo como feijão azuki com arroz arbóreo.
Tem sol como sempre e céu pra todo lado.
Tem folhas mestre-sala e flores porta-bandeira.
Tem adeus na janela, buzina de carro e prato na mesa.
Mas o dia de hoje traz um convite.
Para observar tudo o que é comunzinho, mas também essencial.
Por isso, hoje é dia de reconhecer brilho nos olhos e força nas linhas da vida na palma da mão.
Tem milagre no ar que não é do exótico ou arrebatador, mas do simples e morno. E igualmente raro.
Hoje tenho poucos olhos pra tanto céu espalhado
Pouco abraço pra tanto sol no horizonte
Poucas mãos pra tanta gratidão ao redor
E um único sentimento. Imenso, atento, vivo, cheio.
Somos tanto e tantos e únicos.
Belezura de vida assim: comum e extraordinária.

sábado, 9 de julho de 2011

Quando faz frio eu fico bem do avesso
como se o travesseiro estivesse dentro do corpo
Assim, perto do coração.
Daí eu fico lá deitada, tentando entender o que se passa, que barulho é aquele
que faz ritmo de tum-tum-tum enquanto cá fora faz frio, ventania e silêncio.

Quando faz frio tudo fica preto nos ternos e lãs das ruas.
As pessoas riem menos, cobrem mais e o adeus é mais pra sempre. Parece.
às vezes eu queria soprar o frio pra muito longe. Para depois das nuvens. E deixar ele lá. De molho.
Bem longe do coração da gente, das esperaças de um dia ensolarado e repleto de certezas.
Por que o frio rouba a nossa coragem?
E se instala bem no meio da nossa solidão, fazendo eco?

Quando faz frio a gente se fecha portas e janelas.
Mas, o corpo chama por carinho e sopa quente.

A coisa boa de quando o frio vem, é ver as flores. Disso eu gosto.
Vejo as cores mais intensas e isso me traz enorme aconchego.
Como se o céu tivesse dado a chance de haver coisas bonitas para se apreciar no meio do preto e cinza dos ternos e das lãs nas ruas.
Como se Deus deixasse a luz vasculhar o arco-íris e derramar lá de cima uma beleza que não faz barulho, que é simples, que combina com a gentileza do coração, que aqui dentro faz tum-tum-tum abafado pelas cobertas e pelo sono.
E a sua mão segurando a minha de repente deixa a minha alma mais quente.
E eu, do meu travesseiro, escuto um suspiro que não é de alívio. É de felicidade.

terça-feira, 28 de junho de 2011

espelho

eu escrevi esse post.
mas sem querer deletei.
pena: me parecia algo bom.
Como tenho aprendido algo a cerca de paciência, resolvi deixar acontecer.
Não vou escrever um novo texto.
Vou deixar o assunto no espaço. No tempo.
Vai chegar a hora certa de o texto voltar aqui.
Enquanto isso, a gente respira.

domingo, 5 de junho de 2011

coisas que acontecem quando você caminha

Eu andava só.
Ela vinha andando sozinha também.
Nós, duas desconhecidas, andando na mesma calçada
Eu vinha carregada de sacolas do mercado
Ia preparar o almoço pro meu amigo que vinha me visitar.
Ela só tinha as mãos nos bolsos.
De repente seu olhar alcançou o meu. Em cheio.
Não dissemos palavra uma à outra. Mas, havia sorriso em seus olhos.
Senti uma alegria fresca, uma energia benfazeja.
Continuei andando. Ela também.
Não sei ou saberei jamais o seu nome. E, ironicamente não seremos mais duas desconhecidas, mas duas pessoas ligadas pelo elo anônimo dos bons sentimentos.
Hoje, em uma manhã fria de quase inverno.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Trajetos

Faz um bom tempo que não paro para escrever.
Aliás, faz tempo que a vida me colocou asinhas nos pés e haja o que fazer!
Mas, o bom das correrias é que quando a gente para e a poeira sobe e ela decanta, meu sentimento decanta junto.
Emprego novo, amor novo, pensamento novo.
Tudo assim: de um gole só, como tende a ser a vida de uma ariana.
Outro lado dessa mesma moeda é a sede. De deixar tudo ajeitadinho, na forma, no contorno, no volume, no meu jeito. Ahã, controle? Éam...
Mas, a vida é tão abundantemente sábia que nos dá tudo na medida.
Do que precisamos aprender.
E eu tenho aprendido que as coisas mais legais vem feito aqueles móveis modulares. Em pedaços, feitos pra encaixar. Com muito cuidado, paciência e, especialmente, atenção. A única diferença é que vem sem manual. O que torna as coisas um pouquinho mais excitantes ou desesperadoras. Depende de como a gente olha.
Pra dar certo a gente tem de querer, mas também de se dar conta. Se não, as coisas escorrem pelos dedos e a gente nem notou. Já era. Atenção é essencial.
Fora as exceções que fazem a gente babar de invejinha, as coisas boas dessa vida estão sempre em construção e sem garantia. É um jogo mesmo. Não tem jeito. Jogar ou jogar, arriscar-se e crescer.
Tem sido complicado uma vezes, delicioso noutras, mas sempre, sempre, inquestionavelmente, cheio de sentido. No final, valerá a pena. Então, mergulhe.
E antes que a onda quebre e uma nova venha se avizinhando láaaaaa no fundo do oceano, eu vou em frente. Seguindo. Como um guerreiro que caminha apenas com a sua vontade e atento a tudo ao seu redor.
Um viva à minha, à sua, às nossas trajetórias incógnitas, mudas e, a um só tempo, o maior espetáculo que se possa imaginar.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Desacelerar

Ontem eu saí em busca de café com bolo, no finzinho da tarde.

Andando sem pressa e vendo o movimento das coisas e das folhas. Descobri uma cafeteria sensacional do lado de casa.

Sentei sem pressa, olhei as pessoas, senti os cheiros todos, as cores várias. Esperei.

Ia escolhendo o café pelo som das palavras no cardápio, e a torta pelo convite mais sedutor que cada uma me fazia.

Foi um fim de tarde sem mar e sol se pondo, mas foi tão lindo e tão rico quanto.

"Deixe que o crepúsculo o encha", disse certa vez Don Juan a Castañeda. E foi assim que me senti. Cheia de um sei lá o quê com tanto sentido e silêncio.

Encontrei as borboletas em seus mais variados vôos e ouvi a abelhinha brincando com uma folhinha de grama. Simples assim.

Estou desaprendendo a pressa. Aceitando que as coisas venham em seu tempo.

Um ensinamento taoísta fala que a natureza não dá saltos, meu coração sempre quis assim: tudo correndo. Agora, que fiz um pacto com a felicidade, de ir redescobrindo suas pistas, eu desapressei, desacelerei, e quero sabor. Qual o gosto do dia começando, qual o gosto da sua companhia, qual o sabor daquele desafio que me tira o sono. Só me dando tempo, só me regando de silêncio eu posso achar respostas.

Eu quero o sabor de vida costurada nessas breves descobertas cotidianas. Dessas suspresinhas que fazem a gente querer degustar momentos como eu degustei aquela fatia de torta: de-va-ga-ri-nho e por inteiro. sempre.

terça-feira, 12 de abril de 2011

vida de gente grande

Quando eu era criança, meu sonho era ser gente grande.
Poder escolher meus caminhos, poder trabalhar e ganhar minha grana.

Viajar e conhecer gente diferente. Namorar e morar sozinha.

Ser gente grande era sinônimo de independência. E até de desenvolvimento.

Gente grande não sente medo, mata a sede e sempre sabe o que fazer.

Eu devia ter meus sete ou oito anos quando pensava assim.

É, faz tempo.


Hoje eu já quadrupliquei essa idade e continuo achando que ser gente grande é bom negócio.

O que mudou?

Eu descobri que ser gente grande não tira medo, só se mata a sede se você reconhecer que ela existe - e isso às vezes dá um baita trabalho -, e saber o que fazer é a grande pergunta não respondida ao longo de uma vida inteira de cabeçadas. E o mais engraçado que consegui aprender até hoje - o que não é fixo, porque ainda estou crescendo -, é que o coração de gente grande carrega os mesmos sonhos que o de uma criança, só que com menos ternura. Vai entender...

E são esses mesmos sonhos que fazem a gente prosseguir em busca de um não-sei-quê que pode estar do lado de trás do arco-íris, do abraço de um amigo ou do colo de um afeto.

Ser gente grande é assim mesmo: dá um trabalho danado, mas é gostoso à beça.

:)

quinta-feira, 7 de abril de 2011

mas o jogo ainda não acabou


Eu li hoje cedo, incrédula, que um garoto entrou numa escola do Rio de Janeiro e atirou a esmo ferindo muita gente. Eu vi muito comentário embasbacado sobre o que volta a acontecer no Japão. Eu escutei um comentário de que aquela escola ali na frente mais parece uma "delega".

Este é o mundo que construímos aos tropeços pra ir vivendo.

Triste!

Mas eu insisto.

Não em negar o que está aí, realidade obscenamente nua e crua.

Mas insisto em ver o sol raiar apesar de tudo. O olhar ter brilho apesar da fumaça. A mão afagar apesar da violência. O extraordinário acontecendo dentro da simplória repetição dos dias. E, mais, a certeza de que nem tudo está perdido. Não se desiste do jogo antes que ele acabe. Não se desiste de ninguém. Todos. Cada um é fundamental. O carinha trololó que puxou o gatilho, mesmo sendo insano, é da nossa família. Humana.

Triste?

Verdade. Obscenamente nua e crua.

domingo, 27 de março de 2011

Vésperas



Às vésperas do aniversário eu gosto de voltar o filme e lembrar do que passou. Isso faz parte do meu ritual de honrar o tempo que me trouxe até aqui e agora.

Eu fico pra dentro, fazendo silêncio, limpando as vidraças.

Não foi fácil, foi preciso.

Doeu um monte, cortei cordas, emendei fitas, reatei laços, tirei uns nós e rasguei uns panos por aí.

Tudo importante. Tudo na medida.

Não pensei que seria possível dizer isso assim: mas agradeço a tudo o que passou e foi difícil e a tudo o que passou e foi maravilhoso.

A maior lição? Tudo, absolutamente tudo, passa.

E tudo, absolutamente tudo, tem seu preço. A gente decide quanto vale, se vale e vai na fé. Mesmo que ela seja pouca e a carne fraca.


Aprendi que do chão ninguém passa e que mora dentro da gente uma força gigantesca. Um poder louco pra ser descoberto finalmente e finamente utilizado.

Que tudo o que acontece lá fora é reflexo do que se passa cá dentro. Não tem outro jeito...

E que sempre haverá primavera e verão onde o inverno pisou.


E daí os novos horizontes vão chegando mansos, trazendo sua maré de novas chances, bons corações e grandes oportunidades. Pra viver tudo de novo, agora com mais verdade, com mais lucidez e muito mais força.


E acima de tudo?

Ah, com muito, mas muito mais amor pela vida, pelos seus movimentos sábios (mesmo que incompreensíveis) e uma confiança danada de grande de que tudo o que vier tem mesmo de vir pra fazer crescer. E a resposta é sim, eu topo.

vizinhança adrenalina


Desde que mudei de casa, ganhei vários presentes.

A vizinhança foi um deles. A boa vizinhança.

Mas, sempre tem os excêntricos de plantão, que meu ascendente aquariano já captou há léguas e fez o favor de atrair.


Um deles é um carinha cinquentão que anda de bicicleta infantil, com seus dois cachorros presos ao guidon por uma correntinha.

Pois é...


Esses dias, topei com ele na rua e veio o papo:

- Nossa, você está cheirosa!

- É. Sou menina, tomo banho, passo perfume... faz parte.

- Meu, eu tomei banho ontem de manhã.

Pensei comigo 'que nojo!', mas apenas comentei lacônica:

- Vixe!

Ele deve ter sentido que pegou mal e comentou:

- Mas eu me considero um cara limpo. Por exemplo, quando vou ao banheiro eu não uso papel higiênico. Eu me lavo. Fica tudo limpinho.


Eu preciso mesmo ouvir uma coisa dessas?

Humpf!

:/

domingo, 20 de março de 2011

Aberta a estação

Adoro passear e me deparar engrandecida com as folhas caindo, caindo, como peixes que mergulham mar adentro.
As folhinhas leves, amarelas voam sem destino, sem pressa, sem medo.
Me lembram de um sonho em que a minha mãe me presenteava com um passeio de pára-quedas. Como quem diz:
Se joga, filha. Vai fundo, coração adentro, pela vida afora e apenas confia.
No sopro do vento, no sabor da estação novinha em folha.
Folhas.
Varridas como meus sonhos doidos.
As asas que recebi em sonho.
É outono.

sábado, 12 de março de 2011

Novos óculos


Neste blog aqui a gente começa a resgatar tantas coisinhas miúdas do cotidiano, cheias de poesia, de beleza, de humor.

Nossa vida é assim: essa colchinha de retalhos dos detalhes, das supresas, dos sins e nãos, do vento e do beijo, do sono, do ombro, da panela, do filme, do ônibus, de tudo.

Eita essa vida nossa cheia de riqueza e delícia escondidas nas entrelinhas.

Novos óculos, por favor.

terça-feira, 8 de março de 2011


Tem gosto de chuva esse sorvete. Assim molhado.
Essa tarde que passeia na saudade. Esse meu peito.
É azeite aquele céu que se despede. O sol está nu.
Faz nuvem nessas coisas tão misturadas. Eu meio a meio.
É fonte o peito que me encoraja sempre e sempre. Minha alma.
Tem dedo dos céus nessa felicidade boba. Esse silêncio.
Esse meu riso à toa e sem palavra. Quem sabe?

terça-feira, 1 de março de 2011

Ritual do chá


Tem sido esses dias apressados. De uma alegria esparramada, de lágrimas honestíssimas e de algum cansaço.
Eu desejei muitas coisas para 2011 e elas tem religiosamente se concretizado, junto com outras igualmente felizes e não previstas no pacote.
Mas, para todo mundo, o tempo não pára, estamos todos com o botão vermelho de "urgente" aceso, mal a gente se percebe andando nas ruas, escadas e vagões de metrô. Eita esses tempos varridos!
E no meio dessa aceleração toda, às vezes a gente precisa ceder. Ao desejo de não fazer patavinas. Àquela vontade de se afundar no sofá por hoooooooras. Ao cuidado simples e cotidiano com a aparência e com a saúde. Ao silêncio, que é o melhor remédio que eu conheço para curar dores mal resolvidas (é assim pra mim).
Esses dias fui bater perna no shopping com minha amiga Mary. Ver vitrines, falar de roupa e cabelo, atualizar as fofocas dos últimos acontecidos e comer! Tanto eu quanto ela somos amantes de garfo e prato.

E depois de comer, comprar e papear: chá.

Tomei um chá de-li-ci-o-so. Daqueles de ir fazendo silêncio aos poucos.
Saboreando com calma, como um bom romance. A fumaça e a paz se misturaram ali, feito música e corpo numa dança. O perfume do chá e era já eternidade aquela tarde, aquela conversa, as risadas e os sonhos compartilhados, na mesinha de chá, nos acentos de couro maciiiiio.
Eis uma das coisas que eu curto muito: bebericar um chá enquanto sinto. Tudo. O mundo ao meu redor ou meu infinito de dentro. Chá tem um quê de colo de mãe: aconchegante, seguro, quentinho. E outro quê de espiritualidade: como que observando a vida devagar, sua essência e seus significados.

No meu chá, eu ergo um brinde: à amizade, às tardes eternas e ao aconchegante silêncio que me refaz.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Fazendo as pazes


Lua em peixes é chorona.
Sentimental que só
Tudo é a tênue fronteira entre dor e delícia.
Essa lua vai fundo
Em tudo. De corpo e alma.
Corpo? Acho que nem dá para lembrar de corpo
quando tudo é emoção, sentimento e mistura.
Lua em Peixes dissolve tudo
Caleidoscópio de impressões vindas de toda parte
Tudo marca, tudo sinto.
Lua em peixes ama
De maneira mergulhada, imersa em sonho, esperança, dor e romance.
Lua bonita, quase sereia do horizonte azulado lá em cima.
Canta e dança e seduz.
É esta minha lua bêbada, inquieta.
Doida varrida céu afora em busca de Um caminho.
Lua que cura, vestida de bruma e cheia de recados do céu.
É esta a minha lua santa caminho a dentro, abrindo com fé os caminhos equivocados.
Lua em Peixes é assim uma confusa mistura, instável, impossível, fantástica.
A única capaz de entender o coração de Deus.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011


Ele olhava pela janela a sua própria janela
As frestas empoeiradas
Por onde a neblina fugia nos dias de inverno.
Naquela tarde era só saudade
De um tempo perdido na silhueta das cortinas
Insinuando revelações insuspeitas
a cerca de si, de seus sonhos todos.

A pele era a escuridão dos dias passados a limpo
Que amanhecia sem pressa
Como os trechos dessa vida
Morna somente ao meio dia.

Ele olhava a janela e via a si mesmo
Descortinando a poeira de anos
Varrendo o vazio guardado nas frestas da saudade
A neblina do desejo amanhecendo
Uma fuga morna ao meio dia que se insinuava pela janela
De onde ele olhava para uma tarde de inverno.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

domingo, 6 de fevereiro de 2011

terapia, retalhos e outras quimeras


Por que deixar para depois algumas coisas, se a gente sabe que uma hora vai ter de enfrentar?
Parece algo tão matemático, exato e claro, não é?
Porém, por mais ululante que seja, a gente desafia o óbvio e posterga.
Eu me peguei fazendo isso muitas vezes nesse último ano. Em muitas e diferentes áreas.
Por exemplo: deixei por quatro (isso mesmo!) meses minhas roupas empilhadas para passar. QUATRO. Já faziam parte da decoração da casa.

Daí acabei tendo de passar porque conclui tristemente diante de uma guarda-roupa vazio que as roupas estavam no cesto de passar (risos).
Que vergonha. Melhor: que preguiça.
Passar tudo aquilo pra mim é quase como uma batalha de Waterloo. Me sinto no fim da linha, consternada e irritadíssima e me prometo que, da próxima vez, não vou deixar mais roupa acumulada. Dali a duas semanas, tudo recomeça.

Como mudar isso, ainda não sei. Mas, já percebi que preciso reinventar meu modelo de passar roupa, como o de tantas outras coisas que atraso por não me darem prazer ou por me causarem medo.
Isso seria tema para minha terapia que larguei faz menos de um ano. Que me fez compreender um zilhão de coisas e descosturar uns bichos enormes que viraram retalhos.

Talvez passar roupa guarde segredos, talvez seja simplesmente algo chato.
Fato é que ou eu acho um jeito de fazer disso retalho ou minha coluna logo, logo pede pra sair.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Odoiá


Dia dois de fevereiro é dia de festa no mar
Dia em que a Salvador se enfeita de azul e branco
Flor e alfazema e água salgada
Dia em que gente de cor azeite vai levar presente e colher esperança.

O som dos atabaques soa e ressoa looooooooonge e
vem ecoar aqui, no meio da terra da garoa, no meio de mim.
Meu coração também faz festa pra Iemanjá.

Mas, além dela, uma outra ilustre aniversariante e não menos rainha brilha neste dia.
Dona Graça. Uma mulher franzina e cheia de histórias de superação.
Essa mulher é minha mãe, um dos grandes tesouros que a vida me deu.
Hoje, peço licença a Iemanjá para jogar flores e alfazema e me enfeitar de azul e branco para minha rainha, de céu e mar.
Dona Graça: Odoiá!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A odisséia das sandálias benditas


Estão sentindo uma onda de renovação no ar?
Pois bem, vem vindo aí um vento de novidades.
Sei lá, eu ando sentindo isso tão forte que às vezes me perco...
Mas, por falar em renovation, acabei de renovar meu estoque de sandálias.
Hein?!!!
Isso mesmo. Ser de Luz, vulgarmente conhecido como Eros detonou o estoque. E a tia aqui estava andando de sapato em dia de sol. Argh! Ninguém merece!

Hoje me enchi de coragem e fui em busca de umas sandalinhas bem básicas, estilo chinelão mesmo.

Numa das lojas, o moço me atende e diz:
- Agora só tem masculina. Mas essa 37 acho que dá pra você.

Eu faço cara de 'nem vou responder', agradeço e saio.

Loja dois, a meiga atendente me leva a uma gôndola escondidinha e fala que acabaram as de numeração menor, todo mundo comprou e tals... Mas, ela olha para outra gôndola, não menos escondidinha, e fala assim:
- E essas aqui? São lindinhas, não quer?
- Pô, essas são infantis. Da Hello Kitty! - fico até meio incrédula.
- Ué, mas é tudo sandália - ela fala rindo, na vã tentativa de soar simpático. Ahãn...

Meu olhar fuzila a moça até o último osso. Eu saio agradecida pela habilidade vendedora, um prodígio.

Penso comigo como pode ser tão complicado comprar um simples chinelo, borracha básica pra colocar sobre o chão. Aliás, foi assim que eu tive de explicar o que eu queria comprar. Complexo, viu?

Final das contas, achei uns chinelinhos bons e baratos. Estou deleitando um deles neste exato momento. E me dou conta de como os pés são importantes e a gente abusa deles. Com eles eu desvendei meio mundo, conheci uma pá de gente, abandonei outra pá, tirei poeira do chão de quem não me merece, varri mil léguas de histórias para renovar meus caminhos, faço meu day by day mais leve, mais ameno. E macio. Como esses chinelinhos.

A bênção, Nossa Senhora das Sandálias!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Sou Sexy


Resolvi dar um tempo.
Da seriedade e do tom pastel-comportado, porque eu sou feita de cor e hormônios.
Agora sou bicho solto, cara lavada e cheiro de alfazema. Só.
E é assim que eu gosto de andar: de havaianas (a última, porque o Eros acabou de comer as tirinhas), sol ardendo na minha pele e o vento fazendo cosquinha.
Troquei os profundos mergulhos pelo frescor da minha varanda.
Cuidar de planta rende muitos arranhões e dedos cortados e uma satisfação danada depois.
Jogar conversa fora (fora de onde, meu deus?) hidrata, caminhar sem objetivos tonifica, jogar bola por quarenta minutos com seu cachorrinho limpa karma brabo e rir alto rejuvenesce.
Encontrar com a lua e fazer pedidos secretos cria a cumplicidade eterna com o universo.
E é isso o que desejo: um cúmplice. Do ordinário ao devaneio.
Nada mais simples.
Nada mais Sexy, a cor do meu esmalte.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A vida tem umas surpresinhas guardadas em cada lugar!
Desta vez foi na feira.
A mesma feirinha de rua de toda semana. Cheia de cores, dos gritos dos vendedores (eu amo ouvi-los, juro!), das melecas no chão e da variedade de alimentos que a gente encontra por ali.
Enfim, eu achei um tipo de alho que me deixou tão, tão boba, que não resisti.
Eis o bonito postado aqui, nessa foto aí encima.
Ahan, é alho. De fazer comidinhas.
Em japonês, seu nome é nirá, e se usa para refogar os alimentos.
Eu, por meu turno, não pestanejei. Comprei já pensando em fazer isso aí: colocar num vaso bonito e deixar enfeitando a casa.
Boniteza assim não consigo mandar pro fogo, não.




segunda-feira, 10 de janeiro de 2011



Ontem eu senti medo. Hoje o dia prometia: adrenalina!
Bingo: fui surpreendida por uma chuva ESCABROSA na saída do trabalho à noite, ruas absolutamente alagadas, caos no trânsito, sapatos encharcados e meus dedinhos vão criar cogumelos. Já imaginou: Mouzes ao fungui?
É, foi dureza mesmo chegar em casa sã e salva, porque seca só nos efeitos especiais da minha requintada imaginação.
Dia terrível, dá pra pensar?
No entanto, nada pagará chegar na minha rua e ver um casal de velhinhos na janela, passando das onze e meia da noite, luzes acesas, esperando sua vizinha chegar e entrar a salvo em casa.

Esse casal? Posso dizer orgulhosamente que são os meus vizinhos.
E ainda tem gente que não acredita em anjo da guarda. Tsc, tsc...

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Talento é pra quem pode


Hoje foi dia de faxina em casa.
Afastei os móveis, abri as janelas, espantei a preguiça e até alonguei.
O cachorro apostando que era hora de passeio.
Condição para ir até o fim: depois da faxina, tem passeio do filhote.
Acordo feito, com o acenar morno de um rabinho abricot.
Som nas alturas, música baiana que é pro ânimo não despencar na primeira varrida.
Respiiiiiiiiiira... e vai!

Varre daqui e dali, joga água, passa pano, vem sabão (olha que isso vira letra de sucesso no carnaval, viu?), chuá. Delícia.
E vamos nós:
Passa pano e dança, passa pano, dá uma reboladinha, passa pano e pula, passa pano e cai.
Esparrama no chão, bate o joelhinho e dói.
Ui! Uma dor indizível. Vontade de xingar o sabão! Vem o cachorro em meu socorro, pisa no molhado e sai espalhando pegadinhas de sabão pela área limpa.
Lovelly dog... humpf!

A casa ficou limpinha no fim das contas.
Momento quintal: varridinha rápida e:
...
Cabo da vassoura no olho.
Fala sério!
Limpeza nesse gabarito é só pra quem tem talento.
Depois da faxina épica, vem o momento beleza. Manicure nela.
- O que vamos passar hoje? Um Renda pra começar o ano?
- Melhor o Tomate, que anda combinando mais com meu estilo 2011 de viver.
Ela riu, mas não entendeu.
Minhas unhas vermelho tomate: meu Troféu Faxina.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011


Tem coisa mais chata que gente chata reclamando no seu ouvido todo dia?
Nobody deserves...

No exercício da convivência, a gente faz força, mas sempre tem um para quem sua paciência precisa de uma reserva extra.

Esses dias estava conversando com uma amiga que convive com uma dessas. E ela me contou uma história que adorei.
Nos corredores da empresa, bastava avistá-la e o chororô começava.
No almoço, sua rodada de queixumes.
Na carona até o metrô, kit lamúria em ação.
Semanas a fio vivendo esse pelourinho a minha pobre amiga.

Até que seu último estoque de paciência acabou. E ela começou a fugir da falastrona.
Ouvia a voz da danada, ela corria pro banheiro.
A criatura nefasta entrava na sua sala, ela sempre estava ocupada.
Nunca mais teve tempo pro almoço. O chefe sempre pedindo um relatório na hora exata em que elas saíam para comer. Que coisa!
Carona? Melhor ir caminhando. É bom e ajuda a emagrecer.

Dia desses ela veio, meio desconfiada com a incoveniente pergunta: vamos almoçar? Juro que hoje te poupo dos meus problemas.

Pobrezinha da minha amiga: acreditou. E foi.

A outra até que tentou se conter, mas vício é vício. Dali a pouco, descorria aquele velho rosário, porém agora com um adendo de todo chato que, além de chato, se faz de vítima:

- Não tenho ninguém pra dividir os problemas. Estou me sentindo sozinha.

Ao que minha amiga resondeu, espirituosa:

- Eu imagino. Quando quiser desabafar, querida, escreva tudo num papel e queime. Entregue ao Cosmos. Faz um bem que você não imagina!
Taí, pessoal. Remédio pra chatice. Simples e direto, melhor que DR, feedback e sinal da cruz.
#ôquemaldadefellings

domingo, 2 de janeiro de 2011

ano do cachorro



Todo dia começa do mesmo jeito: preciso levar o meu digníssimo cachorro pra caminhar.

Essa semana topei com um adestrador de cães (interessantíssimo, por sinal), que me deu várias dicas de como acalmar a fúria mordedora do meu pequeno, que anda comendo todos os fios da casa.

Pro saco: fio do dvd, fio do aparelho de som, cestinho, quase o cabo da Net!

Pois bem, o adestrador no meio do caminho foi a bênção do ano novo.

Segundo ele, um animal cansado responde melhor aos comandos. Ele me disse:

- Você precisa dar desafios a ele. Quanto tempo você anda com ele todo dia?

Respondo toda orgulhosa que ando uns 20 minutos. Ele riu e falou:

- Pouco. No mínimo, 40 minutos e em terrenos ingremes. Ladeiras. Assim, o cachorro gasta a energia dele e não destrói mais a casa. Geralmente, com esses 40 minutos, nem precisa sair com ele duas vezes no dia.
A relação custo x benefício me atraiu.

Me animei toda e lá vamos eu e o Eros ladeira acima, ladeira abaixo. Até que cheguei na Bela Flor. Uma rua.

Eu fiquei pensando como alguém consegue passear com animais naquilo. Só dá acesso a pássaros e borboletas. A rua é tão íngreme que me pareceu é uma parede quase.

Tomada de coragem eu desci a Bela Flor. Ok, ok. Pra descer todo santo ajuda afinal. Na subida, todos os santos e orixás fogem, é claro. Quem vai querer subir uma rua daquela?

Isso mesmo: eu.

Respirei fundo, olhei pro Eros e disse:

- Agora, filho, você cansa e a gente volta pra casa.

Eu subi com a língua pra fora. O Eros? Saltou, pulou, subiu e chegou lá encima cheio de ânimo. Lá em cima, parada pra respirar fundo e muito. Ele me olhando, todo animado.

Chegamos em casa. O apetite dele aumentou. Sede também. Cansaço? Not."É o primeiro dia. Com o tempo ele acostuma e cansa." Foi o que eu pensei.

Faz quatro dias que a gente anda nesse ritmo. Eu subo ladeiro, eu desço ladeira, enchi de desafios íngremes a caminhada do meu cachorro, e parece que a disposição dele só duplicou. Minhas sessões de alongamento idem. Só de pensar na Bela Flor meu coração palpita. Mas, estou otimista e vamos continuar tentando.

Afinal, o pior que pode acontecer é eu perder uns 5 quilinhos e contratar um adestrador de cães como meu personal trainer.

Faxina

Ano novo tem faxina dentro e fora.
E o blog faz parte disso.
Agora ele tem mais carinha de mim mesma.

Cês gostaram?

:-)