sábado, 21 de julho de 2012

Férias


Pausa.
Meu tempo merecido e homologado para não pensar em certas obrigações.
Ergui meu prórpio templo. Ali coloquei rosas, mel e leite em minha própria honra.
Me outorguei a liberdade de pensar em tudo o que não fosse o cotidiano cara-crachá.
A chance de repensar tudo, de tudo um pouco. Ou não pensar necas.
Planejei férias de absoluto silêncio.
E quanto mais o procurava, menos o achava.
Subi montanhas, desci vales, reguei de mar minha alma cansada.
E foi ali, exatamente nas conversas doces com Iemanjá que o silêncio descavernou.
Me engoliu como quem mata sede. Fui bebida por uma outra coisa que não a meditativa comtemplação.
Uma compreensão carinhosamente tecida a cada dia de busca tomou conta do incessante pensamento.
Ali estavam os meus retalhos, tecidos nos últimos tensos meses em que vivi de labirinto e pegadas: tateando.
Ali, estendidos ao vento, os significados mudos de tantas subidas e descidas.
Ali, somente, repousando nas areias da minha terra, eu pude saber:
Eu já era.
Eu vim nova onda, cheia de sal, terra, dos banhos temperados de sentimento e salvação.
E, assim, e por isso, a volta foi possível. A compreensão tácita de que novas montanhas serão precisas, outros vales convidarão ao desassossego e, finalmente, no mar, acharei tudo. A chave, a alquimia e o êxtase.

quarta-feira, 18 de julho de 2012