Andando sem pressa e vendo o movimento das coisas e das folhas. Descobri uma cafeteria sensacional do lado de casa.
Sentei sem pressa, olhei as pessoas, senti os cheiros todos, as cores várias. Esperei.
Ia escolhendo o café pelo som das palavras no cardápio, e a torta pelo convite mais sedutor que cada uma me fazia.
Foi um fim de tarde sem mar e sol se pondo, mas foi tão lindo e tão rico quanto.
"Deixe que o crepúsculo o encha", disse certa vez Don Juan a Castañeda. E foi assim que me senti. Cheia de um sei lá o quê com tanto sentido e silêncio.
Encontrei as borboletas em seus mais variados vôos e ouvi a abelhinha brincando com uma folhinha de grama. Simples assim.
Estou desaprendendo a pressa. Aceitando que as coisas venham em seu tempo.
Um ensinamento taoísta fala que a natureza não dá saltos, meu coração sempre quis assim: tudo correndo. Agora, que fiz um pacto com a felicidade, de ir redescobrindo suas pistas, eu desapressei, desacelerei, e quero sabor. Qual o gosto do dia começando, qual o gosto da sua companhia, qual o sabor daquele desafio que me tira o sono. Só me dando tempo, só me regando de silêncio eu posso achar respostas.
Eu quero o sabor de vida costurada nessas breves descobertas cotidianas. Dessas suspresinhas que fazem a gente querer degustar momentos como eu degustei aquela fatia de torta: de-va-ga-ri-nho e por inteiro. sempre.