domingo, 21 de novembro de 2010

Benfeitores

Essa semana chamei o moço da água para trocar o galão.
Como sempre, muito falante, ele contou várias coisas da vida e do trabalho. Daí, olhou pro galão e disse:
- Colega, você sabe que esse galão aqui só é válido até dezembro, né?

Eu havia comprado com outro fornecedor. Nem imaginava...

- Hein?? O que isso significa?
- Bom, colega, que você vai precisar comprar um novo por R$15,00. Este aqui ninguém vai trocar pra você.
-Sério? Ai, meu deus!

Depois de uma explanação detalhadíssima sobre a máfia da água engarrafada, eu me rendi. Peguei os quinze conto na bolsa e paguei.
Ele pegou a grana, olhou e me disse assim:
- Não, colega. Guarda R$ 10,00 aí pra você não ficar dura.

Desconfio que ando com cara de pobre.

:P

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Meu novelo e eu


Fim de ano chegando, baterias gastas.

Gastas?

Como as solas dos meus sapatos.

Das caminhadas e dos tropeços. Também dos saltos.

Abri a caixa das descobertas e o ano foi desfiando feito novelo.

O gato correndo atrás do novelo. Ele brinca.

Eu fico séria, buscando as razões para tudo.

Olhando pela janela o tempo que passa sem pressa alguma.

O novelo desfiando e o gato brincando de leve.

Meu tempo de prata virou ouro e nem percebi.

Eu agora, moça rica, deixo o novelo e debruço na janela a apressada sensação de falta de ar.

Sopros de todos os lados desmancham esse nódulo pesado. Ventania de tempo e passado.

O que passou não resta. Mas somou algo que não apaguei tão fácil.

Marcas das botas gastas e já nem são mais minhas botas. São apenas botas.

Algumas pegadas. Algum sentido que o sopro forte do vento arrastou.

Fechemos as janelas.

Tudo o mais pode esperar.

É este o meu momento gato. Brincar com vento e novelo. Deixar as razões em quarentena e viver como no começo: peito aberto e repleto de esperança.