segunda-feira, 27 de dezembro de 2010


Hoje cortei o dedo podando samambaias.
E não me pus triste.
Pois quão poucas são as coisas que me podem cortar de verdade.
Quão fortes se tornaram as minhas raízes.
Tão verdes. Tão fortes.

domingo, 5 de dezembro de 2010

em tempos de plutão...



a gente senta e chora

não faz nem ideia

fica tudo pra trás

dói fundo no fundo

o mundo vira moinho

a vida por um fio

o ninho furado

sem rédea

nem bússola

o que é já era

fica só você

refém

sem vontade

arde

sem pele

velho e fim

Fim de você

Semente.

domingo, 21 de novembro de 2010

Benfeitores

Essa semana chamei o moço da água para trocar o galão.
Como sempre, muito falante, ele contou várias coisas da vida e do trabalho. Daí, olhou pro galão e disse:
- Colega, você sabe que esse galão aqui só é válido até dezembro, né?

Eu havia comprado com outro fornecedor. Nem imaginava...

- Hein?? O que isso significa?
- Bom, colega, que você vai precisar comprar um novo por R$15,00. Este aqui ninguém vai trocar pra você.
-Sério? Ai, meu deus!

Depois de uma explanação detalhadíssima sobre a máfia da água engarrafada, eu me rendi. Peguei os quinze conto na bolsa e paguei.
Ele pegou a grana, olhou e me disse assim:
- Não, colega. Guarda R$ 10,00 aí pra você não ficar dura.

Desconfio que ando com cara de pobre.

:P

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Meu novelo e eu


Fim de ano chegando, baterias gastas.

Gastas?

Como as solas dos meus sapatos.

Das caminhadas e dos tropeços. Também dos saltos.

Abri a caixa das descobertas e o ano foi desfiando feito novelo.

O gato correndo atrás do novelo. Ele brinca.

Eu fico séria, buscando as razões para tudo.

Olhando pela janela o tempo que passa sem pressa alguma.

O novelo desfiando e o gato brincando de leve.

Meu tempo de prata virou ouro e nem percebi.

Eu agora, moça rica, deixo o novelo e debruço na janela a apressada sensação de falta de ar.

Sopros de todos os lados desmancham esse nódulo pesado. Ventania de tempo e passado.

O que passou não resta. Mas somou algo que não apaguei tão fácil.

Marcas das botas gastas e já nem são mais minhas botas. São apenas botas.

Algumas pegadas. Algum sentido que o sopro forte do vento arrastou.

Fechemos as janelas.

Tudo o mais pode esperar.

É este o meu momento gato. Brincar com vento e novelo. Deixar as razões em quarentena e viver como no começo: peito aberto e repleto de esperança.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010


Eu realmente só queria ter certeza de que estou no caminho certo,
mas às vezes nem sei mesmo se é caminho o que percorro aqui e agora.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Fazer menos, Ser mais.


Não sei se somente eu tenho sentido as coisas estranhas pelas bandas da Terra, mas vivamos.
Resolvi fazer uma semana diferente. Fazer menos, ser mais.
Ouvir a natureza, perceber suas mudanças e pedidos.
Me ouvir, notar os recados da intuição e olhar nos olhos da alma.
Os outros. Entender seus trajetos, apenas entender.

Tem sido um tempo gratificante.
Tenho cozinhado e meditado mais.
Ainda há muitas perguntas, para as quais não tenho buscado respostas.
Escolhi simplesmente deixar que elas aconteçam.

Tempo, tempo, tempo...

domingo, 29 de agosto de 2010

Astrologia, manjericão e o amadurecimento


Faz mais ou menos uns cinco anos.

Consultei um astrólogo que me falou que, no futuro, eu estaria muito ligada ao mundo acadêmico. Sorri pra ele, disfarçando meus pensamentos: "Cara doido. Até parece...". Ele falava: "por volta dos 31, 32 anos...". Eu continuava sorrindo.
Depois, esse mesmo falava da necessidade de eu lidar com a terra, porque "te falta terra, sentir que está aqui". Mais algumas pessoas me disseram a mesma coisa em situações diferentes.
Segundo a consulta, eu iria despertar para um crescimento pessoal muito grande depois do retorno de um tal saturno que me pedia insistentemente: "amadureça".

Pois bem.
Cá estou, com os meus 32 anos. Caminhei por caminhos coloridos, ora abertos, ora fechados. Foi duro muitas vezes levantar a cabeça. Foi maravilhoso outras tantas, descobrir pessoas, talentos, sentimentos e sentidos. Aprendi tanto, e descobri que faltará sempre o que mais aprender. Graças a deus. Aprendi sobre pessoas, logo aprendi sobre euzinha mesma. Sobre coragem e medo, certeza e insegurança, amor e vergonha, desespero e alívio, deus e eu. Agora eu pressinto que o salto será outro. Novo nível do jogo. Tateando nesse escuro-claro, vou de cabeça erguida, de novo, arianamente às cabeçadas, mas com o comedimento libriano no ascendente deste 2010 arrebatado.
Ouvindo Beto Guedes, no "tudo o que move é sagrado", voltei no tempo, lembrei desse recente passado, dos passos até o hoje, domingo de agosto, todas as pessoas, todas as lições, todos os desafios e eu, seguindo caminho adentro, rumo unicamente ao meu centro. E somente assim, podendo daqui irradiar para fora, para tudo e todos que pude somar até agora.
E vejamos só: hoje sou docente; cuido de um jardim que eu mesma estou cultivando. Essa foto aqui é do meu manjericão espaçoso que só ele! E vejo nascer em mim uma outra eu, mais forte, mais compreensiva, mais verdadeira.
Ironia ou não, ele estava certo.
E, detalhe, eu também me tornei astróloga.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

sexta-feira, 23 de julho de 2010

até debaixo de chuva


Ir à praia é sinônimo de encontrar o sol, certo?

Errado.

Pra mim, que amo sol e mar, ir à praia é ter calmaria e encontro.

Por isso, as oportunidades de voltar a ver o mar, pisar na areia e sentir brisa e maresia são encontros com a minha natureza, meio que voltar à infância.

Daí, faça chuva, faça sol, a praia vira presente, eu viro criança boba correndo pelas areias com vento e sal por todo lado e o céu é testemunha da minha felicidade e toda traquinice que me é liberada.

Enfim, estou de volta ao mar. Contando as horas, coração aos pulos, já antecipando o colorido que invade meus olhos e deixa meu coração calmo, silencioso e a alma bebe quietude e redobrada energia.

Aqui vou eu: benzer-me nas águas, batizar meus sonhos, pedir lecença para que o futuro seja agora a benção maior que recebo do alto ou do fundo, céu ou mar, coisa só. Tudo é ilimitado, mágico e divino.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

presente do momento






Tem coisas que não se explicam mesmo. Nem adianta.
Tem dias que ficam pra sempre. Outros que melhor nem lembrar.
Tem gente que vem e vai. E aquelas que são para sempre.

O que tenho percebido é que, no fim das contas, poucas coisas realmente são essenciais. E que fazemos muitas tempestades que são copinhos de água fresca. Mas, nunca é fácil distinguir uma da outra no calor das horas e a gente só faz o balanço quando fecha o mês, nunca no meio. Ahá!

Estou saindo de um mergulho de meses. Sentindo novamente brisa e sol. O tempo tem ajudado, louvado seja, e vir á tona foi mais tranquilo. Depois de ir no fundo, a gente volta de alma mais leve, querendo fazer menos sentido, sem rédeas de nada nas mãos.

Assim me sinto: nascendo mais uma vez. Olhando com olhos de esperança para o que me rodeia, embora o coração olhe as placas desta vez, para saber por onde caminha. Atenção sem tensão.

Uma compreensão fina das últimas cenas, intuição reforçada, sentimento renovado.

O coração menos exigente e mais largo. Talvez isso seja amadurecer, crescer, cansar... lá sei eu. O que sinto de verdade é a sensação morna e acolhedora do que é amor. E deixo-a me invadir, como a luz do dia que teima em invadir as frestas da noite e do cansaço.

Sinto coração calmo e asas frescas, lavadas no batismo do tempo, assanhadas no vento de agora que traz um chamado de refazimento, reconstrução... sem dúvida algo está em semente: o sagrado presente deste momento.

E sorrio um sorriso que quase ninguém poderá entender.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

A nuvem


Eu não conhecia o sentimento da morte.
Quando alguém querido parte parece um dia longo de chuva por dentro que insiste em não passar. O coração acelera mas o vento é frio lá fora.
E quando acontece com alguém que você não imaginava que gostava tanto?
É surpresa no meio da chuva, feito arco-íris surgindo ali atrás de nuvens carregadas.
A sensação de que algumas pessoas são tão valiosas que não precisam estar perto, elas apenas precisam existir, é bom só de saber que elas existem em algum lugar.
É desse jeito que guardarei a imagem da querida tia Celinha, daquelas pessoas de sorriso sempre largo, amigo. Ela era ou é daquelas pessoas que a gente pode chamar de terna.
Para mim, apesar do dia fria e chuvoso dentro, vejo o arco-íris e uma nuvem especial subindo, ela é macia feito o seu abraço, corajosa como foi a sua luta e terna como a sua alma.
Para mim, querida e saudosa, você virou nuvem, a terna nuvem que enfeitará para sempre os meus dias de chuva.

Esta é uma singela dedicatória a alguém por quem somente agora descobri um carinho imenso comparável ao tamanho de ausência que sua morte me causou.

domingo, 25 de abril de 2010


Susto

a poeira dos teus passos
teu jeito de sorrir, quase sem jeito
a conversa leve como antes, como sempre
como se não houvesse hiatos.
E o vento soprando forte um lenço suspenso no ar,
boiando nesse mar de ar ofegante que respiro sem saber
ao certo o que passa?
Parece que vou sufocar ou explodir para sempre.

Susto
Esse olhar que conheço de antes de mim
e me observa de tão longe
Estou confusa, sem saber o que sinto
É alegria ou dor esse não sei quê dentro do peito?
Despenco dos galhos nus das árvores de outono
O vento me soprando rápido para cima, para longe
eu vou para o alto
eu vôo, eu vôo...
para dentro do espelho que acolheu o teu olhar.

sexta-feira, 23 de abril de 2010


hoje tenho as unhas pintadas de pink

hoje a chuva refrescou os meus passos

hoje levei meu cachorro por um novo caminho

hoje dormi e senti preguiça

hoje eu fui muitas

hoje eu chorei vendo filme água com açúcar

e me deixei ser romântica novamente

e me permiti sonhar com as bobeiras que toda mulher sonha

e gostei de colocar a mesa para o meu jantar

e senti a água batizando o meu corpo

e agradeci pela vida que está viva em mim

hoje eu senti alegria rasteirinha: daquela simples, cotidiana.

nada de extraordinário aconteceu

e hoje a felicidade bateu aqui: na minha porta.

domingo, 4 de abril de 2010

Tempo, tempo, tempo...

Dia desses vi um velhinho, muito velhinho mesmo, caminhando pela rua.
Ele andava len-ta-men-te, como se tivesse todo o tempo do mundo ou como se o tempo não o atrevessasse mais. Ele estava acima da correria das horas e dos dias.

Pensei em mim e tantos de nós que ainda se atropelam sem espaços nas agendas, reféns de calendários e obrigações da folhinha que dita a vida em sociedade. Com escassas oportunidades de ver os amigos caros, apreciar dias de sol, compreender tardes de chuvas, agradecer pelas tempestades e poeira, achar na espera de uma fila a possibilidade de um afeto, transitar entre o abstrato e a atitude com paciência, colhendo frutos em cada coisa.

Oxalá eu consiga ter o tempo por companheiro, que ele me desafie a chegar cada vez mais perto da minha essência, perdendo as folhas e flores, quebrando alguns galhos, mas sempre fortificando a raiz do amor que é a minha semente, para brotar alegria e vontade aonde quer que eu possa renascer.

Hoje, no meu aniversário de 32 anos, gostaria de presentear a todas as pessoas com essa reflexão sobre o valor do tempo que temos...

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Chegadas e partidas

Tenho pensado muito sobre esse tema.

Talvez porque, mais e mais, a vida venha me trazendo oportunidades de olhar para isso, de me olhar.

E, sabe o que mais? Acho que quero menos. Pisar nos freios e não apostar todas as fichas. Viver o que é, como é e aprender... que cada coisa, pessoa, situação é o que pode; sem demagogias, filosofias ou ideologias.

É, tão somente, a vida acontecendo para nos fazer amadurecer.

quarta-feira, 24 de março de 2010

que novidade é essa?



Ai, ai...


depois de altos e baixos, a gente dá aquela parada e reflete.

Assim tenho passado os dias: entre pensamentos e sensações, na maioria das vezes solitários, deliciosamente solitários.

Não, não é solidão. É solitude, a tal presença de si mesmo. O presente merecido depois de uma jornada desértica que me trouxe ao oásis do meu sentimento.

As mudanças não param de acontecer, dentro e fora, e eu permaneço na decisão oceância de não sofrer. Por nada.

Me vejo desabotoando a rosa que mora dentro do peito, afrouxando o cadarço da lida, usando menos perfume, pois meu aroma é lavanda naturalmente. me vejo tão simples, sem imperativos de nenhuma ordem, portas e janelas de uma vida diferente.

Dando volume e intensidade ao que merece, tirando peso das costas, ganhando alguns calos nas mãos, suando para repousar merecidamente, pulsando junto com a vida que me empurra para fora da cama logo cedo, que me chama para ver o dia claro, imenso, da minha janela.

Não sou mais eu, sou eu nova, outra. A outra me chama para andar logo cedo, receber vento fresco e inspiração. O coração amanhece soprado de uma força que não conheço ainda, e vou crescendo no silêncio- ventania que agora me invade.

Eu vejo a luz multicolorida nas árvores, folhas, nos olhos das gentes desse lugar que é templo, como sempre acreditei que seria um dia.

E o dia chegou, luzidio em meio à tormenta, meu farol que guia o coração e a força para cima, sem pestanejar um segundo sequer, sem duvidar do futuro que é macio ali na frente. Sigo. Eu ou a outra? Tanto faz. Aqui vamos nós.

Depois da chuva...

eu percebi que nem tudo são nuvens;
que o céu não é o meu limite;
que eu sou uma gota nesse oceano, mas uma gota inteira;
eu sinto alívio por não precisar mais chover
eu quero continuar sendo gota d'água: livre, simples, verdadeira
eu compreendo melhor as noites e o vento;
eu estou esperando pela sua palavra;
eu não preciso mais do seu "sim";
eu duvido;
eu acredito;
eu não sofro mais.

Depois da chuva, estou mais viva do que nunca.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

final = começo


Agora dá para entender que tudo é processo.

que umas coisas terminam para dar lugar a outras.
que quando é chegada a hora, não tem jeito. é a hora.
que finais e começos são dois lados da mesma moeda.
mudanças são o tempero da vida, a roda grande da vida em movimento.

Entendi que cada um só pode dar aquilo que tem, não adianta querer mais. Todos estão vivendo seus cadinhos, seus dramas e paraísos. Havemos de compreender isso e ser gentis uns com os outros. Mais ainda: ser gentis conosco mesmos.

Existe uma ordem maior orquestrando a nossa história, com sabedoria e seiva ímpares.

E, sim, eu gosto de pensar nisso. Gosto mais de me perceber dentro do movimento. Tem nome de fluxo. Tem gente que dá este nome ao controle e pensa que é fluxo. Não é. As cordas da resistência estão arreadas, mas existe intenção. Fluxo tem uma cadência toda própria, uma correnteza leve que é quase sopro te levando. Uma dança sem par, só você e sua historinha única. No fluxo a gente cresce, desabrocha, aprende a rir, desafia a dor com alegria e sobriedade.

O medo acaba quando o fluxo abre caminho, feito lençol de água criando frestas nas rochas.
E você desperta e está incrivelmente mais próximo de sua própria essência. A luz só é possível porque você mergulhou na escuridão do seu lado B, e dentro dela pode acender a chama. O que era pântano agora é farol e você ilumina, irradia, aquece e descobre.

Eram umas seis da manhã e um gatinho preto sentado na janela de uma sala de aula.

Ele queria desesperadamente entrar...


;)


domingo, 21 de fevereiro de 2010


"não seja leviano com o coração dos outros;

não ature gente de coração leviano"

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

a vida e o picadeiro

Trapalhadas e cambalhotas. Assim venho dividindo meu tempo, entre palco e bastidores.
Desde a mudança de casa, a vida resolveu dar pinote. Alguma indigestas supresas, outras dulcíssimas revelações.
E nesse embalo, a gente tem duas alternativas: queixar ou superar.
Fácil? Nem um pouco. Até pelo costumeiro hábito de contabilizar mazelas. Infelizmente reconheço que todos temos um tiquinho desse troço guardado no gene. :/

Mas, com algum esforço e vontade, a gente muda o disco, sobe no picadeiro, faz palhaçada e ri da gente mesmo, das bobices que nos fazem humanos. A gente somos essa soma. E aí? Melhor coisa é abraçar o momento, entender o recado, passar a mensagem adiante para beneficiar quem quer que seja. E essa vida é teia e todos estamos interconectados; mais do que desejamos, mais do que supomos.

E no apagar e acender das luzes, eu no picadeiro escolhi os amigos e o riso. Fórmula imbatível para se manter lúcido em meio às tormentas. E foi rindo que encontrei calma. Foi respirando que achei espaço. Foi me acolhendo que entendi alguma coisa. E ouvindo outros, pude escolher. A vida vai continuar acontecendo com suas esquinas e surpresas. E eu vou continuar subindo no palco, trombando e dando cambalhotas. Vezes escorregando, vezes caminhando em segurança. O show tem de continuar e a caminhada ainda é só no começo.

Depois da chuva, faz silêncio.
E agora eu escuto muito mais as ausências e as compreendo melhor.
Hoje eu me sinto melhor, pois me tirei da sala de espera. Não sou mais visita de mim. Faço mais parte, mais integrada ao que escolhi ser. Cada vez chegando mais perto.
Eu. Narizinho de palhaço, descobrindo a vida em colorido e graça, para fazer da alegria o remédio eterno para a dor.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Mudanças


Uma vez me disseram da importância de mudar de casa e como isso mexe com a gente.

Achei que era muita filosofia por tão pouco, mas é engraçado que remexe um montão de coisas!

O jeito de perceber as pessoas, de fazer as coisas, o jeito de se relacionar e as prioridades? Muda tudo de lugar.

É incrível, mas mudar muda a gente. (risos)

Estou de namoro com a minha casa nova. Aliás, não é minha, sou sua guardiã por algum tempo que só o tempo sabe quanto é.

Ando cansada com tantas tarefas, responsabilidades e tals. Porém, o outro lado é ter deitados fora as armaduras. O peso ficou para trás, bem como certos medos. A força nasce cada dia como uma onda que vem lá de longe. Cresce, avoluma e quebra pra nascer outra vez.

Eu vejo alguns rostos e acho neles uma beleza e uma coragem que para mim estavam escondidas. Curioso... Mudou aquele rosto ou mudei eu?

Ainda muitos hábitos por morrer e outras manias por nascer. Tudo é limbo agora.

E lindo também. Até as roupas secando aqui no varal me fazem bobamente feliz.

Ah...vento! Tenho ele por companhia. Para varrer o passado, secar alguma dor, renovar as cores da esperança e soprar luz em cada cantinho.

Tantas vezes achei que não seria mais possível. Desacreditei de mim e do tempo. E hoje entendo o tempo e seus motivos. Entendo que tudo eram escolhas. E os novos caminhos que já me aguardavam só abriram porque eu assim decidi. E quando as coisas estão prontas para acontecer, basta um passo: e tudo acontece. Não como o sonho deseja, mas como a alma requer.

Sempre assim. Sempre assim.

Vida nova

Finalmente a casa nova.
O ar que eu sempre quis
O silêncio que eu sempre esperei.
Chegar em casa hoje é estar no meu templo
Aqui nesse lugar em que posso me desmanchar, me desfazer, esparramar tudo.
Espaço
Sempre precisei de muito dele. Não sei bem porque.
Espaço para estar, fazer ou, simplesmente não fazer nada.
Agora estou no meu reino. Sem súditos, sem tronos, sem coroas.
Apenas com o silêncio, o espaço e a liberdade que sempre quis.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

"Eu quero a sorte de um amor tranquilo..."
Hoje inauguro o meu caminho do meio.
Altos e baixos me tem cansado a beleza, confesso.

Nada mal querer muito, amar por inteiro, dançar até o sol raiar, comer de tudo, suar em bicas, tomar banho de perfume, falar até debaixo d´água. Mas, reconhecer a delicadeza das emoções mornas é um presente grato para a alma.

Estar nos extremos é pura excitação, mas caminhar serenamente pelo meio é aconchegante.

É macio não sentir arroubos e isso me conforta. Sempre afeita aos oito ou oitenta, estou descortinando emoções totalmente novas. E, por isso mesmo, ricas de significado.

A dança suave que liga o tudo e o nada me trouxe cadência, ritmo e respiração tranquila. E com isso é possível ouvir estrelas, cantar a minha própria canção, palmilhar galáxias e tantos infinitos mundos. A vastidão se agiganta quando a pressa termina, quando cabe mais ar em cada narina, quando elejo mais nuvens no céu que me guia.

Olho teus olhos e tudo fica mais claro e também mais manso. Não é saudade, é afeto o que me fortalece. Um carinho insuspeitado me vai enchendo e esvaziando como marés cotidianas. Aqui tenho licença para ser feliz porque nada busco ou espero. E aqui também acontece o encontro entre o silêncio e o amor. E ambos são largos. Mais que sentimentos ou emoções, são estados de espírito para construir a vida todo dia.

Falando em vida, chegamos aos 2010 anos de idade cheios de festa, esperança, brilhos e crenças.
Tudo parece ganhar vida nova: sonhos e vontades.
Quero um ano mais calmo, leve, integro; que eu possa brindar mais emoções mornas e gentis e descobrir o amor que mora dentro das pessoas, mesmo as de capa preta e corpo fechado; descobrir mais amor dentro de mim mesma e, assim, cobrir meus pés com flores amarelas, que me lembram de ter sabedoria para usar a cada novo dia.