terça-feira, 11 de setembro de 2012

Sobre vazios e bambus

 
 
Boa surpresa quando a gente lê um velho livro e se depara com um trecho todo novo. Um achado que conspira universalmente com o seu momento de vida.
 
O de hoje falava de vazios e bambus. Diz que o bambu se mantém flexível porque seu interior é oco, vazio Se cheio fosse, quebraria, romperia. E a ligação direta com nosso mundo interno. Nós, quando cheios, somos copo que transborda e nada cabe: corpo, mente e espírito. A carapuça cabe em todos. Em mim, inclusive.
 
Lembrei do post de ontem, onde eu sentia falta de silêncio.
E silêncio é espaço no meio da algazarra. Lacunas.
O vazio que faz caber coisas, significados, pessoas e sentimento.
 
Daí que tive um dia lotado de trabalho, mas houve espaço para almoçar com pessoas queridas que me fizeram chorar de rir. Então, eureca: houve vazio para rir. De mim, dos outros, da vida. Houve espaço para reconhecer que o momento é este que escorre agora mesmo. Que a gente tem de fazer como nos guarda-roupas abarrotados: empurra daqui, dali, joga aquela peça mais velha fora, doa aquele moleton que nunca mais vai usar, as bijuteria que não tem mais a sua cara e deixa espaço. Para o que ainda não chegou, e que só vem quando convidado. Não pela consciencia clara e direta. Flecha. E sim, pelas pistas sutis e vacilnates que abrem caminho. Ondas.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Silêncio para se servir



E às vezes o silêncio é a minha melhor parte.
A toca onde escondidos ficam o susto e a delícia. A dúvida e algum sossego.
Eu penso que seria mais fácil viver sem falar muito, ou sem falar o quanto me pedem.

Fico achando que envelheci, enrabujei de vez ou apenas cresci um tanto suficiente para entender que o palavrório cansa dentro e fora, corpo e alma;
Muito texto pede lacunas para ser lido com poesia ou nada feito.
Não tenho querido andar assim às enxurradas.
Muito me anima estar por horas a fio lançando pedrinhas num riacho calmo, observar as pequenas ondinhas se formarem, os círculos concentricos, concentrados, focados em pouco, pouquíssimo assunto: a pedra e ponto.

Nesse momento, o menos, o pouco me fartam. As asas se despregam e posso voltar a voar. A construir histórias que jamais acontecerão, a ver cores inexistentes, e formas e sons que só a imaginação tem licença para conceber. Preciso de mais ventania que me sopre alto e muito e mais alto e tanto que a visão me perca a pista. Deixo as cordas no chão. Raízes arrancadas, com pouco futuro. Preciso tirar os pés da terra batida. Elevar. Eu, volteando céu adentro, mergulhada nos sonhos, nas quimeras e não me importa. Que você ache bom ou mau, feio, bonito. Prefiro que não ache. Que não julgue. Que atravesse minhas contradições em silêncio compassivo.
Preciso disso. De um silêncio que não condene, nem absolva. Apenas seja presente. Faça companhia.
E siga. E voe também. Conquiste seus céus e suas próprias quimeras.

E porque o silênco é minha melhor parte, posso colher esses frutos e deitá-los na vitrine para que você se sirva, como quiser, se quiser. 

sábado, 21 de julho de 2012

Férias


Pausa.
Meu tempo merecido e homologado para não pensar em certas obrigações.
Ergui meu prórpio templo. Ali coloquei rosas, mel e leite em minha própria honra.
Me outorguei a liberdade de pensar em tudo o que não fosse o cotidiano cara-crachá.
A chance de repensar tudo, de tudo um pouco. Ou não pensar necas.
Planejei férias de absoluto silêncio.
E quanto mais o procurava, menos o achava.
Subi montanhas, desci vales, reguei de mar minha alma cansada.
E foi ali, exatamente nas conversas doces com Iemanjá que o silêncio descavernou.
Me engoliu como quem mata sede. Fui bebida por uma outra coisa que não a meditativa comtemplação.
Uma compreensão carinhosamente tecida a cada dia de busca tomou conta do incessante pensamento.
Ali estavam os meus retalhos, tecidos nos últimos tensos meses em que vivi de labirinto e pegadas: tateando.
Ali, estendidos ao vento, os significados mudos de tantas subidas e descidas.
Ali, somente, repousando nas areias da minha terra, eu pude saber:
Eu já era.
Eu vim nova onda, cheia de sal, terra, dos banhos temperados de sentimento e salvação.
E, assim, e por isso, a volta foi possível. A compreensão tácita de que novas montanhas serão precisas, outros vales convidarão ao desassossego e, finalmente, no mar, acharei tudo. A chave, a alquimia e o êxtase.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

domingo, 22 de abril de 2012

natureza real


Gatos. A vida tem me trazido muitos deles. De natureza diversa e reservada, eles ganham meu coração. Pela elegância e topete, pela doçura mal-disfarçada, mas especialmente pelo silêncio.
Meu lado cachorro aprende toda vez que me deparo com o olhar misterioso dos bichanos. Parece que eles guardam mil segredos e sabem ver a gente do avesso. Seus silêncios trazem respostas que só o coração é capaz de ouvir.
E tanto mais vou conhecendo a natureza dos bichos, percebo como a nossa complexidade nos atrapalha. São tantas possiblidades, tantos chãos que a gente se perde, se esfalfa por nada, remói, sofre, ilumina.
Por hoje, somente por hoje, me bastava a alegria momesca dos cachorros e o passo silencioso e astuto dos gatos. Nessa justa medida. Nem mais, nem menos.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Voar


Resolvi voltar a escrever hoje.
Não por que esteja inspirada. Nada disso.
Por explosão. Por absoluta necessitade de desabafar pra deixar o coração limpo.
A raiva deixa o espírito triste, atordoado.
E tenho me sentido repetidas vezes assim: perdida.
Altos. Baixos. Baixíssimos. Abismos.
Dizem que no olho do furacão se acha calmaria. Ainda não achei, mas encontrei pessoas boas.
De coração grande e ouvidos atentos. Nossos problemas semelhantes fizeram uma ponte e nossas conversas regadas à chocolate e trabalho tem feito bem à minha alma descosturada.
Mas, ganhei ontem um presente que me trouxe novo ar: um livro.
E o prazer voltou, como volta tudo o que é genuíno.
Devo essa à amiga Virgínia que, como boa sagitariana, captou dos deuses a mensagem certeira:
Ela precisa voltar a sonhar.
Obrigada Vi, obrigada Júpiter, obrigada a toda essa fase hard core que só quer me dar um empurrãozinho pra eu aprender de uma vez por todas a voar.

voltei

Eu sumi, mas eu voltei.
No ano novo, que pra mim só começou no 04 de abril, dia do nascimento desta que vos tecla.
;)

Tim-tim!