segunda-feira, 27 de abril de 2009

Pequenas sutilezas
Penso hoje em como a gente começa a se conceder pequenos direitos e a correr pequenos riscos depois de um certo tempo.
Devoto isso aos áridos momentos em que se cresce a fórceps, por absoluta falta de escolha.
Duvido que tenha quem opte livremente por sofrer para crescer. Não, não e não.
A gente cresce meio que sem aviso, fazendo sínteses meio tortas, meio sábias do que vai rolando e desenrolando pelas experiências mais marcantes.

Daí, passados os maiores atropelos e, por meio deles, estabelecidas as maiores curas, as tensões vão arrefecendo, o peito é mais leve e até o ar que se respira entra e sai mais mansamente. Isto se chama alívio.
Este é um estado de conforto na alma, sem preço. Duro de conquistar, mas valiosíssimo em receita e signifcado.

Por quê este papo todo agora?

Hoje, quando acessei o msn, estava lá no nick da minha irmã um trechinho de música que me fez rever tudo isso:

"I can see clearly now the rain is gone..."

Fui arremessada instantaneamente por essa frase no tempo de dor e medo e dúvida que eu vivi há menos de um ano e olho para mim agora e sinto alívio: passou. É! A dor, aquela mesma que doía, passou. E eu sou livre hoje.
Livre para errar outra vez, porque minha humanidade pede. Livre para tentar de novo, porque eu sou ariana e teimosa.
Livre para acertar agora, porque faz parte da minha natureza achar a saída dia menos dia. Livre para respirar sem aquele aperto rouco no fundo do peito. Livre para acordar e não te achar mais nos meus pensamentos.
Vida nova é quando a respiração sai de outro jeito.
Esta mesma que acabo de ofertar aos céus com toda pompa e circunstância. Recebam esse tanto de amor e gratidão por tudo que, de fato, fez valer o frete!
E agora a leveza é tamanha e a liberdade é tanta que as trilhas são o caminho fácil para a bricadeira: buscar para se perder. Besteira dizer que não tenho mais medo. Sim, os tenho, mas agora tenho poder sobre eles também. Só quem já mergulhou fundo nos descaminhos para se achar, tem o molejo suficiente para se lançar sem cordas, sem mapa, só com o cantil e a coragem.
"Vamos viver tudo o que há pra viver; vamos nos permitir".