terça-feira, 12 de abril de 2011

vida de gente grande

Quando eu era criança, meu sonho era ser gente grande.
Poder escolher meus caminhos, poder trabalhar e ganhar minha grana.

Viajar e conhecer gente diferente. Namorar e morar sozinha.

Ser gente grande era sinônimo de independência. E até de desenvolvimento.

Gente grande não sente medo, mata a sede e sempre sabe o que fazer.

Eu devia ter meus sete ou oito anos quando pensava assim.

É, faz tempo.


Hoje eu já quadrupliquei essa idade e continuo achando que ser gente grande é bom negócio.

O que mudou?

Eu descobri que ser gente grande não tira medo, só se mata a sede se você reconhecer que ela existe - e isso às vezes dá um baita trabalho -, e saber o que fazer é a grande pergunta não respondida ao longo de uma vida inteira de cabeçadas. E o mais engraçado que consegui aprender até hoje - o que não é fixo, porque ainda estou crescendo -, é que o coração de gente grande carrega os mesmos sonhos que o de uma criança, só que com menos ternura. Vai entender...

E são esses mesmos sonhos que fazem a gente prosseguir em busca de um não-sei-quê que pode estar do lado de trás do arco-íris, do abraço de um amigo ou do colo de um afeto.

Ser gente grande é assim mesmo: dá um trabalho danado, mas é gostoso à beça.

:)

2 comentários:

Pablo Carvalho disse...

Eu também passei a infância esperando crescer para acontecer. Acontece que cresci, e descobri que o corpo muda, mas a gente continua o mesmo. Amadurecer é aprender a não correr para atravessar a rua. É esperar pelo doce que virá de sobremesa, não antes. É brincar de casinha, boneca e escritório, só que valendo a vida. E mais tarde entender que a vida, que esperamos acontecer e aconteceu como pôde, era apenas uma grande brincadeira. Que ser grande de verdade tem menos a ver com o tempo que com nossas escolhas... mega abraço, Moca.

Maísa Picasso disse...

Eu só quis ser gente grande quando criança porque sofria muito. Na juventude não quis crescer muito, mas cresci mesmo assim ;) E agora que adultei fico pensando que meninice é o que há de mais 'muderno' nessa vida :)