Não havia acabado nada, obra alguma. Entregado nada, nenhuma tarefa concluída.
Nesse momento exato da falta flagrada diante de meus olhos, eu pude entender minha humana condição de parte.
O todo a mim não cabe. Não contenho. Sequer contorno coisa alguma.
Nada preenche. Nada falta. Ser assim vazio é ser espaço-convite.
O vir a ser da festa. A promessa. Chances de sim ou não iguais.
O vazio sempre tido por ruim, temido, escasso.
Por mim, aqui e agora, descoberto em novas matizes.
O vazio que ainda faz caber, por assim dizer, novidades. Possíveis estradas. Algum arranjo ainda não desenhado. A pedra inda lascada. Meu caminho de ir seguindo em desalinho com a correnteza da maioria. Meu nado sem sincronia com o seu.
Este meu direito de não vir com bula alguma me faz mais livre e vazia. E assim as minhas asas ainda podem desenhar o vôo que me liberta.
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