terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

salto alto


Nunca gostei dos de bico fino ou salto muito alto.
Nem pensar aqueles que apertam os meus dedinhos ou deixam a planta do pé compactada, feito aqueles pacotes de comida a vácuo.

Entendo que é charmoso e tal.
Deixa a gente mais elegante; traz presença, um certo ar de poder...
Uso alguns, mais baixinhos e cada vez menos amiúde. Mas, na boa, e o prazer de um chinelinho macio de dedo? Um tênis confortável ou mesmo os sapatinhos menos femme fatale que te trazem um sorriso irresistível no rosto?

Sim, ando cansada dessa coisa toda, muito fake por muito tempo.
Outro dia, eu ia andando e vendo uma mulher tentando sofridamente  se equilibrar encima de uns saltinhos palito na calçada. Senti pena. Duvido que ela estivesse feliz. Du-vi-do.

Definitivamente, prefiro o conforto à sedução.Toda a avidez pela feminilidade perdida tem seus limites.

Pés foram feitos para sentir o chão, fazer contato. Quanto mais chão eu piso, mais real eu sou.
Os saltos são o avesso disso. E é por isso que o glamour precisa tanto deles. E eu, cada vez menos.

2 comentários:

Pablo Carvalho disse...

Bom texto, Moca. Apesar de entender que o mundo tem suas exigências para o dia-a-dia, e que podemos concordar em nos submeter temporariamente apenas para sobreviver. Nada a ver com identidade, apenas com necessidade. Dançar conforme a música por umas duas valsas, para não ficar de fora do baile. Mas em casa, depois do pão nosso de cada dia já ganho, andar descalço.

Rachel disse...

Minha terapeuta outro dia me disse: "ser uma pessoa fora da caixinha incomoda". Concordo plenamente. Podemos incomodar, mas nossos pés certamente não serão incomodados.
E nada mais sexy do que se sentir confortável nos próprios sapatos - metafóricos ou não.
Como sempre, arrasando na escrita. Com menos brilhantismo e mais um bocado de palavras, fiz uma citação à sua pessoa lá no meu canto escuro. Vá lá e dê um confere (no endereço do comentário, não o do seu blog - esse infelizmente deixaram morrer, #chatiada).
Um chêro imenso e precisamos nos ver.