Fim de ano chegando, baterias gastas.
Gastas?
Como as solas dos meus sapatos.
Das caminhadas e dos tropeços. Também dos saltos.
Abri a caixa das descobertas e o ano foi desfiando feito novelo.
O gato correndo atrás do novelo. Ele brinca.
Eu fico séria, buscando as razões para tudo.
Olhando pela janela o tempo que passa sem pressa alguma.
O novelo desfiando e o gato brincando de leve.
Meu tempo de prata virou ouro e nem percebi.
Eu agora, moça rica, deixo o novelo e debruço na janela a apressada sensação de falta de ar.
Sopros de todos os lados desmancham esse nódulo pesado. Ventania de tempo e passado.
O que passou não resta. Mas somou algo que não apaguei tão fácil.
Marcas das botas gastas e já nem são mais minhas botas. São apenas botas.
Algumas pegadas. Algum sentido que o sopro forte do vento arrastou.
Fechemos as janelas.
Tudo o mais pode esperar.
É este o meu momento gato. Brincar com vento e novelo. Deixar as razões em quarentena e viver como no começo: peito aberto e repleto de esperança.
Um comentário:
i num é qui é por aí mêmo....?
gostei frô, queremos mais!
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